O povo do Soito sempre temente a Deus e por isso se ouvia dizer com certa frequência: “que não se deve brincar com coisas sérias” e que “graças a Deus muitas e com Deus poucas”.
Mas a juventude é que nem sempre esteve disposta a cumprir os conselhos dos mais velhos, o que tem dado origem, ao longo do tempo, a que muitas vezes seja ela a vítima dos seus próprios desmandos.
Conta-se, a propósito, que certa noite de muito escuro, estando num serão uns poucos de rapazes reunidos, o mais destemido perguntou aos restantes, a título de brincadeira, qual deles era capaz de ir sozinho, aquela hora da noite, à capela de S. Brás, dar com a mão três pancadas na porta e dizer em seguida: “S. Brás agarra-me aqui por trás!”
Como ninguém dissesse que era capaz, então ele, para mostrar que era valente e não tinha receio de nada, ofereceu-se para lá ir sozinho, dizendo que em vez das três pancadas na porta, espetaria nela antes um prego, que seria a maneira mais lógica de lhes provar que de facto lá tinha ido, quando depois todos lá fossem certificar-se disso. E ele lá partiu no cumprimento da missão que se impôs, dizendo que em menos dum quarto de hora estaria de volta. Como já se tivesse passado mais de hora e meia sem o brincalhão aparecer, os restantes resolveram ir à Capela de S. Brás ver se ele lá teria deixado o prego espetado, conforme havia prometido. O prego lá estava espetado na porta e o brincalhão morto junto dela. Dizia-se que morrera de susto, porque como estava escuro, ao espetar o prego na porta, não viu que com ele prendia também a aba da véstia que levava vestida e quando ao retirar-se disse: “S. Brás, agarra-me aqui por trás”, deve ter pensado, ao sentir-se preso, que era mesmo S. Brás que o segurava, para ajustar contas com ele.

E o caso não era para menos!